segunda-feira, 3 de novembro de 2014


BRUXA SANGUINÁRIA
Por imperiosa necessidade no sábado tive que ir a uma delegacia de Polícia no interior do estado, e ao ser recebido com fidalguia pelo delegado que estava na delegacia, ressalte-se, chega de uma diligência uma equipe mista de policiais civis e militares, e dentre eles um veterano investigador, que já a beira da aposentação, continua longe da capital.

Passamos a conversar e trocar informes e comentar casos e causos acontecidos na seara policial civil, e dentre os inúmeros causos policiais, me vem o antigo policial e despacha esse para risos do delegado e outros dois policiais a mim apresentados.

Dizia o veterano investigador: “Certa vez o delegado supervisor de uma das delegacia da Região Metropolitana de Belém, não agüentando mais a desídia de uma equipe de plantonistas daquela delegacia, decidiu mandá-los fazer uma intimação a um elemento que vinha praticando furtos naquela circunscrição, e assim sendo, ordenou intimação do mesmo pela equipe desidiosa de plantonistas que era formada por uma delegada, uma investigadora, um investigador e um motorista policial, que furibundos com a ordem emanada, começaram a resmungar no caminho a casa do meliante, dizendo textualmente: “ Onde já se viu intimar ladrão”.

Essa crítica e outras partiam mais da investigadora que até os dias atuais encontra-se na ativa.

Chegando a residência do meliante a delegada com o investigador e investigadora foram até a mesma tendo o motorista ficado na viatura. Destoando da orientação dada pelo supervisor os mesmos sabendo da presença do meliante em sua residência, de comum acordo resolverem em vez de intimá-lo, a lhe darem voz de prisão para conduzi-lo até a delegacia, tendo o investigador ido para a parte dos fundos da residência e a delegada com a investigadora de arma em punho incumbidas de baterem à porta e agarrar o delinqüente.

Ao ser aberta à porta a investigadora com a delegada depararam com o meliante sentado em uma cadeira à mesa fazendo um lanche, incontinemente a investigadora repassou sua arma para a delegada e fora pra cima do meliante tentando algemá-lo, tendo o mesmo reagido a tentativa com a investigadora pedindo auxilio ao investigador que volteava a casa, e este, de forma atabalhoada deu um tiro para o alto com sua pistola 7.65 recém comprada pelo próprio investigador, que retornou pela frente em apoio a sua colega e delegada, e vendo que poderia manietar o elemento, levou sua arma a cintura por dentro da calça, com a mesma disparando.

Ao pressentir que tinha se ferido o investigador olhou para a porta da frente da casa e viu a delegada com a arma em punho, e aos berros exclamou: “Bruxa sanguinária, tu me atirastes! Socorro me acudam! Eu quero ver os meus filhos pela última vez! Estou a beira da morte! Atônitas, delegada e investigadora gritaram pelo motorista para socorrer o investigador, e a tudo assistido pelo meliante que não sabia, se ria ou fugia.

Socorrido na viatura policial o investigador continuou aos gritos: “Porque fizestes isso comigo bruxa sanguinária? O quê que eu te devo? E agora os meus filhos vão ficar órfãos bruxa? Me leva para ao menos vê-lo pela última vez! Faz isso bruxa! Minha colega investigadora dá voz de prisão pra essa bruxa sanguinária!”  

Chegando ao hospital para onde fora levado, o escandaloso investigador não parava de berrar dizendo pra todo mundo que ali se encontrava, e apontando para a delegada de que a mesma tentara matá-lo, e incontinente chamava de bruxa sanguinária fazendo com que todos ali tivessem compaixão e crise de risos.

Com a chegada do delegado supervisor para ver o que acontecera, passou o mesmo por constrangimento, pois o investigador ao vê-lo agarrou-se em sua mão e berrou: “Quero ver os meus filhos doutor, pela última vez, a bruxa sanguinária acabou com minha vida.”. Nesse ínterim chegou um médico para atendê-lo onde constatou que a bala que ferira o investigador não afetou nenhum órgão vital, e que a mesma apenas transfixou sua perna com mera lesão muscular, sem a necessidade de ato cirúrgico, com apenas tomadas de antibióticos e curativos local e afirmando o médico, de que logo logo o investigador poderia voltar as suas atividades normalmente.

Mais hilariante ainda, foi o constrangimento que passaram os policiais que ali estavam para lhes prestarem apoio e solidariedade, pensando que algo pior, haja vista o escândalo produzido pelo investigador pudesse acontecer.

Foi quando o médico ao perguntar o nome do mesmo, soube que no seu sobrenome, tinha VALENTE, o que ironicamente e sorrisinho na face disse: “Esse é o VALENTE? O que será que os covardes protagonizarão?

Nos procedimentos apuratórios tombados, ficou patente que o mesmo se atirará e caluniosamente acusara a delegada. Só não sendo punido, porque presenteara, com uísques, camarão especial, pirarucu, bacalhau e outras comezinhas a autoridade sindicante e, por conseguinte o próprio supervisor e a delegada que acusara, além das deslambidas desculpas e pelo amor de Deus!”


Esse é mais um dos causos policiais eternizado neste blog. 

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