BRUXA SANGUINÁRIA
Por imperiosa
necessidade no sábado tive que ir a uma delegacia de Polícia no interior do
estado, e ao ser recebido com fidalguia pelo delegado que estava na delegacia,
ressalte-se, chega de uma diligência uma equipe mista de policiais civis e
militares, e dentre eles um veterano investigador, que já a beira da
aposentação, continua longe da capital.
Passamos a conversar e
trocar informes e comentar casos e causos acontecidos na seara policial civil,
e dentre os inúmeros causos policiais, me vem o antigo policial e despacha esse
para risos do delegado e outros dois policiais a mim apresentados.
Dizia o veterano
investigador: “Certa vez o delegado supervisor de uma das delegacia da Região
Metropolitana de Belém, não agüentando mais a desídia de uma equipe de
plantonistas daquela delegacia, decidiu mandá-los fazer uma intimação a um
elemento que vinha praticando furtos naquela circunscrição, e assim sendo,
ordenou intimação do mesmo pela equipe desidiosa de plantonistas que era
formada por uma delegada, uma investigadora, um investigador e um motorista
policial, que furibundos com a ordem emanada, começaram a resmungar no caminho
a casa do meliante, dizendo textualmente: “ Onde já se viu intimar ladrão”.
Essa crítica e outras
partiam mais da investigadora que até os dias atuais encontra-se na ativa.
Chegando a residência
do meliante a delegada com o investigador e investigadora foram até a mesma tendo
o motorista ficado na viatura. Destoando da orientação dada pelo supervisor os
mesmos sabendo da presença do meliante em sua residência, de comum acordo resolverem
em vez de intimá-lo, a lhe darem voz de prisão para conduzi-lo até a delegacia,
tendo o investigador ido para a parte dos fundos da residência e a delegada com
a investigadora de arma em punho incumbidas de baterem à porta e agarrar o delinqüente.
Ao ser aberta à porta a
investigadora com a delegada depararam com o meliante sentado em uma cadeira à
mesa fazendo um lanche, incontinemente a investigadora repassou sua arma para a
delegada e fora pra cima do meliante tentando algemá-lo, tendo o mesmo reagido
a tentativa com a investigadora pedindo auxilio ao investigador que volteava a
casa, e este, de forma atabalhoada deu um tiro para o alto com sua pistola 7.65
recém comprada pelo próprio investigador, que retornou pela frente em apoio a
sua colega e delegada, e vendo que poderia manietar o elemento, levou sua arma
a cintura por dentro da calça, com a mesma disparando.
Ao pressentir que tinha
se ferido o investigador olhou para a porta da frente da casa e viu a delegada
com a arma em punho, e aos berros exclamou: “Bruxa
sanguinária, tu me atirastes! Socorro me acudam! Eu quero ver os meus filhos
pela última vez! Estou a beira da morte! Atônitas, delegada e investigadora
gritaram pelo motorista para socorrer o investigador, e a tudo assistido pelo
meliante que não sabia, se ria ou fugia.
Socorrido na viatura
policial o investigador continuou aos gritos: “Porque fizestes isso comigo bruxa sanguinária? O quê que eu te devo? E
agora os meus filhos vão ficar órfãos bruxa? Me leva para ao menos vê-lo pela
última vez! Faz isso bruxa! Minha colega investigadora dá voz de prisão pra
essa bruxa sanguinária!”
Chegando ao hospital
para onde fora levado, o escandaloso investigador não parava de berrar dizendo
pra todo mundo que ali se encontrava, e apontando para a delegada de que a
mesma tentara matá-lo, e incontinente chamava de bruxa sanguinária fazendo com
que todos ali tivessem compaixão e crise de risos.
Com a chegada do
delegado supervisor para ver o que acontecera, passou o mesmo por constrangimento,
pois o investigador ao vê-lo agarrou-se em sua mão e berrou: “Quero ver os meus filhos doutor, pela
última vez, a bruxa sanguinária acabou com minha vida.”. Nesse ínterim
chegou um médico para atendê-lo onde constatou que a bala que ferira o investigador
não afetou nenhum órgão vital, e que a mesma apenas transfixou sua perna com
mera lesão muscular, sem a necessidade de ato cirúrgico, com apenas tomadas de
antibióticos e curativos local e afirmando o médico, de que logo logo o
investigador poderia voltar as suas atividades normalmente.
Mais hilariante ainda,
foi o constrangimento que passaram os policiais que ali estavam para lhes
prestarem apoio e solidariedade, pensando que algo pior, haja vista o escândalo
produzido pelo investigador pudesse acontecer.
Foi quando o médico ao
perguntar o nome do mesmo, soube que no seu sobrenome, tinha VALENTE, o que
ironicamente e sorrisinho na face disse: “Esse é o VALENTE? O que será que os
covardes protagonizarão?
Nos procedimentos
apuratórios tombados, ficou patente que o mesmo se atirará e caluniosamente
acusara a delegada. Só não sendo punido, porque presenteara, com uísques, camarão
especial, pirarucu, bacalhau e outras comezinhas a autoridade sindicante e, por
conseguinte o próprio supervisor e a delegada que acusara, além das deslambidas
desculpas e pelo amor de Deus!”
Esse é mais um dos
causos policiais eternizado neste blog.
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