quarta-feira, 18 de maio de 2016

DIRETOR À FRENTE
 DA CATAÇÃO
Com mais de trinta anos de atividades jornalística, principalmente, na área forense e policial, já tive conhecimento e constatei inúmeros absurdos cometidos por autoridades policiais. Porém, muitos destes absurdos foram cometidos nos porões pútridos e em pleno exercício do mister, como nos tempos apelidados de “chumbo”, e logo ao término destes tempos, quando o delegado bajulado Rafael Bezerra Neto, que suas vítimas já o chamaram para o além, com o status de delegado geral, determinou a permanência constante de uma viatura/guarnição na frente da sede da Escola de Samba Rancho Não Posso Me Amofiná, tendo a especifica ordem de proteger a fortaleza do jogo do bicho que ali funcionava, para que os investigadores que se encontravam em pé de guerra com o então governador Jader Barbalho por melhorias salariais e de trabalho, fossem impedidos de agirem dentro da Lei, fazendo incursões e apreensão de contra-fé do jogo, dinheiro, equipamentos e detenção dos bicheiros, cambistas e seus asseclas, encaminhando para as delegacias onde deveriam ser lavrados os competentes autos de flagrantes.

Tudo isso fora feito, penso, com intuito de o delegado Rafael manter o seu butim por intermédio de seu cargo, e também bajular o governador que era afeto ao jogo do bicho, só que o tiro sairia pela culatra, pois a sociedade assistindo por meio dos órgãos de comunicação, aquela degradante ação isolada do “Rafa”, passou a questionar o ato imoral, tanto é que Jader Barbalho não tivera alternativa para solução do caso, a não ser exilar o Rafael lotando-o na longínqua Santarém, onde ficara por bons anos.

Os fatos acima narrados me levam aos dias atuais, quando, por necessidade da liberação de um pedido de exames junto ao Instituto Renato Chaves, ali estive, e na espera de atendimento, encontrei vários policiais civis e militares que faziam guarda de presos para exames de corpo delito, e um deles, investigador, ao me avistar, foi ao meu encontro com os cumprimentos de praxe, passando a amenidades, quando pipocou o tino jornalístico e perguntei como estava a categoria com a negativa do governador Simão Jatene quanto ao reajuste dos mesmos.

Sem titubear, o investigador lascou-me: “Tudo na estaca zero e somente o vale alimentação é que fora liberado um percentual, com a desculpa de que havia baixado a arrecadação do estado”. No mesmo momento o amigo policial confessou o que todo mundo já sabe; que muitas das vezes o policial deixa de entrar em greve por que; como bem disse o saudoso Hélio Gueiros, que policial e agente de tributos da SEFA é quem faziam seus salários, os mais astutos bem ganhavam e os passos lentos, pouco arrecadavam.

Nesse momento, pensativo, o investigador suspirou e disse: Égua Magalhães, tu nem sabe; o diretor da Seccional onde tiro plantão, conhecido como “chaveirinho”, convocou uma reunião com todos os plantonistas, delegados, escrivães, investigadores e motoristas, e subindo a mesa para ser visto e ver todos os presentes, em alto e bom som despótico, determinou que aqueles policiais plantonistas estavam a partir daquele momento, impedidos de pegar o butim nos finais de semana nas festas, casas de jogos de azar, supermercado, motéis, bares, boates e etc... E completou o diretor da Seccional, que a catação daquele dia em diante seria feita pessoalmente por seu motorista, com a desculpa de que o butim seria revestido em melhorias na sede da Seccional, que até hoje não acontecera, e nem se ver ninguém fazendo orçamento...

Pasmem-se; não fora uma medida de combate a corrupção, mas, uma medida despótica, ou seja, a famosa catação na circunscrição afeta aquela Seccional, ficava peremptoriamente proibida aos plantonistas, mas, unicamente ao “chaveirinho”. E nós que achávamos não mais existir esses absurdos, visto, a categoria de delegados, arrotarem serem das categorias jurídicas.

Além do mais, o que deixa este jornalista a pensar, é que tudo já fora feito nesta linha, porém, constata que a contaminação dos dias de “chumbo” ainda permanece latente na mente e ação de desvairados policiais, e mais, nos dias em que o combate a corrupção é a tônica no Brasil.

Ainda em conversa com o investigador, este me incitou a constatar o fato, e realmente, indo a varias festas da circunscrição constatei que nenhuma viatura/guarnição da Seccional apareceu para a arrecadação da catação, a não ser, da DEMA e DPA, ambas em plena fi$calização sem saírem as guarnições das viaturas, ou seja; fi$calização Gasparzinho.

Penso ainda, que se essa moda do “chaveirinho” pegar, como ficarão os investigadores da Polícia Civil em especial da DEMA e do DPA, tendo os delegados diretores alegando o mesmo; obra em suas delegacias.

Pelo visto, o governador Simão Jatene, promoverá o “chaveirinho” ao cargo de Delegado Geral, para que faça obras nas demais delegacias que realmente, estão à míngua... Não por falta de catação.

Como diria um personagem de Jô Soares, que ao sair de um coma perguntava como estava o Brasil, com a resposta de que estava pior do que quando entrou em coma, gritava: Ai me tira o tubo! Ai Me tira o tubo! Ai Me tira o tubo!

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