EXTERIORIZAÇÃO DE VAIDADE
na segurança pública
Rotineiramente o
noticiário diário da apelidada grande imprensa, pulveriza as mentes e visão dos
leitores, ouvintes e telespectadores “Tiririca”, dando conta da detenção de
traficantes de drogas efetuada pelas polícias civil e militar.
Para que seja
noticiado tal “bravura”, os integrantes da equipe policial acionam de imediato
um babador de microfone de quem já possua o número do telefone, e dali surge a
matéria pirotécnica, com os títulos mais variados possíveis como se de uma
grande ação policial... “Presa rainha do tráfico em Marituba”.
Na verdade,
trata-se de uma simplória boqueira, flagrada numa ronda caça-níquel dos
policiais, que chegaram ali e não tinha os cinquentinha e levam a infeliz para
delegacia, ali apresentam seis papelotes de cocaína, somando-se menos de cem
gramas da droga, o que é uma quantidade ínfima para a caracterização do crime
de tráfico. Mas, mesmo assim, a “autoridade policial” agiliza os procedimentos
como tal.
Encaminhado à
Justiça, esta descaracteriza e põe a solta àquela rotulada pela imprensa de
“Rainha do Tráfico”, ficando a mancha para a Justiça de que a Polícia prende e
ela solta uma ou um traficante.
O certo e que 90%
das detenções são revestidas de ilegalidades, e para se manter alguém recolhido
a um xadrez é preciso não só o convencimento do magistrado mais as provas
concretas e legais.
O mais engraçado
e caricato dessas ações policiais é que vejo em matérias policiais
imagens de delinqüentes e materiais produtos de crime tendo como pano de fundo
um banner com brasões e insígnias policiais, e vem a lembrança de infância da
“marca de Zorro nas polícias”. Quem é o Zorro? Nas décadas de 60 e 70, no
cinema e na TV, faziam sucesso o Zorro caubói e o Zorro espadachim, personagens
justiceiros que escondiam suas verdadeiras identidades atrás de uma máscara
negra. A cada ação realizada, sempre com sucesso, é claro, insculpia a letra
“Z” com a ponta de sua espada na testa do bandido, nas paredes ou em qualquer
parte visível do local onde estivera em ação, como marca de seu triunfo.
Pois bem, há alguns anos policiais
de todas as esferas, sem distinção, quando prendem criminosos e apreendem
produto de crime (drogas, armas, munições e objetos e dinheiro furtado, roubado
ou obtido de alguma forma criminosa) perdem uma parte de seu precioso tempo
para realçar suas atuações e de suas corporações, inserindo suas marcas
(brasões e escudos) no mesmo lugar onde é fotografado, o preso e exposto o
material apreendido.
E na falta eventual desses escudos
e banners é utilizada toda sorte de identificação: distintivos, bonés, jaquetas
e outros objetos para por em destaque a instituição que realizou o serviço,
valendo até utilizar munições para, de forma bem arrumada, montar as siglas do
segmento que prendeu e apreendeu. E essa mania já se estendeu a outras
instituições como a Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal, IBAMA, Ministério
Público Federal e Estadual, judiciário, a alta cúpula da segurança pública e
por aí vai.
E essa prática sem sentido já
virou espécie de ritual, sem nenhum resultado prático a tornar eficaz ou
melhorar a prestação do serviço, a não ser evidenciar de certa forma A INGENUIDADE DE QUEM SE PRESTA A TAL TIPO
DE EXTERIORIZAÇÃO DE VAIDADE, servindo mais para acirrar uma disputa entre
órgãos que integram a segurança pública, pois, de concreto nada advém desse
modismo babaca com relação ao indivíduo e a coletividade destinatária do
serviço.
A situação chega a evoluir
internamente na disputa entre divisões, grupamentos e companhias de uma mesma
instituição ou corporação policial, cada um querendo aparecer mais do que o
outro. De quem afinal querem chamar
atenção? Dos bandidos soltos, da sociedade que com certeza não se ilude
mais? Mera ilusão!
O besteirol toma contornos mais
preocupantes, pois, as equipes que fazem as prisões e apreensões antes de
chegar à delegacia, onde será formalizada a prisão ou apreensão, alongam seu
trajeto para dar uma passadinha em seus quartéis ou repartições e fotografar os
“troféus” em frente a banners cuidadosa e previamente instalados, fazendo
divulgação pela imprensa da tragédia e hematófaga daquilo que entendem como
sendo a glória alcançada que não pode ser repartida, um verdadeiro disparate
moral, numa visível imoralidade promocional barata e sem nenhum cunho de
benefício à sociedade.
Como bem frisou um delegado as
vésperas de se aposentar da atividade policial e que sempre condenou essas
exibições caricatas: “Na realidade nada
mais do que um dever de ofício, uma obrigação, que no fim das contas não influi
e nem contribui para aumentar seus salários, melhorar as condições de trabalho,
propiciar melhor qualificação ou obter qualquer outro benefício ou vantagem,
servindo sim, de reprovação muda da sociedade que não se ilude mais com
pirotecnia e práticas inócuas de servidores da área de segurança pública; verdadeiros “Tiririca”.
Porquanto, o secretário de
segurança que já se tornou useiro e vezeiro nas aparições midiáticas ostentando
banners, deveria proclamar um verdadeiro trabalho de segurança apresentando
verdades e não utopias.
Provavelmente a cúpula da
segurança pública do Pará e seu administrador principal, estejam se dirigindo
somente a uma parcela de desenformados, que ainda se prestam a assistir, ler e
ouvir as balelas vomitadas por uma imprensa que presta um desserviço de
informação, tudo sob a égide dos butins. (Foto Ilustração - copiada direito autor).
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