domingo, 7 de novembro de 2010


Aqui se faz aqui se paga

Um dia destes em uma delegacia eu ouvi policiais comentando sobre o agora ex-delegado Fernando Cunha, também conhecido como “Zé Cueca”.

Para quem não sabe ou já esqueceu, Fernando Cunha foi demitido do serviço público, mais precisamente do cargo efetivo de Delegado de Polícia, como um dos bodes expiatórios no caso da adolescente presa por quase um mês na Delegacia de Abaetetuba, ocupando a mesma cela com mais de vinte homens, tendo “Zé Cueca” passado a figurar no rol dos culpados porque à época era o superintendente da Região Guajarina, onde inclui a supervisão da Delegacia de Abaetetuba, sede da superintendência.

Os tiras comentavam que “Zé Cueca” provou de seu próprio veneno, pois, tendo estado várias vezes corregedor-regional, agia como verdadeiro carrasco de seus colegas, sem dó e sem piedade e sem justiça. Seu lema era: “errou, o pau te acha”.


Enfraquecido desde a prisão da jovem ele caiu em desgraça.  

Além do processo administrativo, ele se meteu em várias broncas administrativas, entre as quais, a de deixar de passar a nota de ciência dos direitos constitucionais a um preso autuado em flagrante delito, cujo vacilo ensejou o relaxamento da prisão na Justiça e motivou uma apuração administrativa contra o outrora prestigiadíssimo superintendente.

Bem, Fernando Cunha foi demitido recentemente em ato governamental do cargo de delegado de Polícia Civil.   

Zé Cueca era tido como delegado “Caxias”, ou seja, não flexibilizava qualquer transgressão cometida por policiais que estivessem sob sua subordinação. Esta austeridade seria muito bem vinda se o mesmo não fizesse vista grossa para os desmandos de seus superiores, tanto é verdade que se omitiu, temendo perder o cargo de superintendente da zona guajarina sediada em Abaetetuba, e por que não dizer, agiu de forma covarde em aceitar que uma menor de idade ficasse presa durante dias junto a marginais de toda espécie e um dos xadrezes da delegacia local.


Não foi a desculpa de que teria comunicado o fato os seus superiores e ao juízo local que o inocentariam de responsabilidades administrativas e penais, por ser a vítima menor, de origem pobre sem aparentemente ninguém para lhe dar guarida legal no restabelecimento a sua condição humana.   

Se "Zé Cueca" tivesse acionado a imprensa para alardear da prisão imoral e ilegal da menor, denunciando quem teria cometido o erro, mesmo se tivesse perdido o cargo de superintendente continuaria delegado e não estaria agora à míngua, a buscar na via judicial seu retorno à instituição da qual foi expurgado por omissão, desleixo funcional, corporativismo aos superiores e despotismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário