segunda-feira, 8 de novembro de 2010

É essa a nossa polícia
Na última sexta-feira, 05, o jornal “Amazônia”, das Organizações RM, noticiou declaração do presidente do PT (Partido dos Trabalhadores), João Batista, de que fazia uma semana do afastamento do delegado Paulo Tamer que dirigia a Diretoria de Polícia Metropolitana (DPM), da Polícia Civil, afirmação negada pela assessoria de comunicação da Polícia Civil, quanto a qualquer afastamento, inclusive do também delegado João Bosco, da direção da Divisão de Combate ao Crime Organizado (DRCO).
Ainda no mesmo jornal, circulavam boatos em pelo menos três seccionais urbanas da capital, de que o afastamento de Paulo Tamer e João Bosco de seus respectivos cargos em comissão, informações extra-oficiais, poderia ter ligação com uma denúncia de suposto desvio de dinheiro que estaria dentro de um veículo apreendido no dia das eleições, mas nada ficou confirmado oficialmente.
No dia seguinte, 06, o mesmo jornal noticiaria que a Polícia Civil, através de sua assessoria de comunicação, depois de negar o afastamento dos dois delegados, confirmou a saída de Paulo Tamer e João Bosco dos cargos em comissão que detinham.
A situação não é tão simples como tenta fazer parecer a direção da Polícia, através de sua assessoria de comunicação, de que se tratam de substituições rotineiras, pois o delegado João Bosco declarou que fora substituído através de um telefonema recebido à noite do dia 30, véspera das eleições, atitude que considerou ilegal e desrespeitosa.
Mas, como os fatos foram expostos, suscita as mais escabrosas especulações, principalmente da forma como foram os delegados afastados, isto quando falta pouco mais de um mês para haver uma mudança radical na direção da Polícia Civil e, conseqüentemente, de seu escalão superior, a refletir nos demais cargos secundários.
Paulo Tamer, que nada declarou que pudesse ser veiculado pelo “Amazônia”, possui alguns antecedentes que o colocam sob suspeita de agir com improbidade.
Na década de 90 Paulo Tamer foi alvo de denúncias graves feitas pelo também delegado Clóvis Martins, com quem havia trabalhado, de que Tamer usava uma carteira de identidade com sua fotografia, mas em nome de José Soares, portanto, documento falso a configurar crime, que teria sido utilizada para a abertura de uma conta bancária fantasma, abastecida com dinheiro de propina.
Esse fato foi veiculado em jornais de grande circulação inclusive com matérias minhas, mas o certo é que a denúncia acabou não dando em nada, provavelmente fruto da articulação do denunciado, caindo no esquecimento.

Nem tanto, pois muita gente lembra e sabe dessa acusação nunca esclarecida por Paulo Tamer.

Uma outra situação envolvendo negativamente o nome de Tamer foi o fato de ter sido denunciado pelo Ministério Público estadual em um processo criminal cujo objeto era o tráfico de entorpecente, pelo fato de Tamer ter intercedido, quando então coordenador geral da Polícia Civil (espécie de delegado geral à época), para proteger o filho de uma grande autoridade do governo estadual.
O delegado geral Raimundo Benassuly, que está arrumando as malas, haja vista que sua governadora e protetora não foi reeleita, graças a Deus, precisa esclarecer a situação. Seu silêncio é estarrecedor e no mínimo o torna omisso ou condescendente, colocando-o também sob suspeição. 
Se os delegados Paulo Tamer e João Bosco tiveram suas saídas por desvio de conduta, a medida adequada e necessária que se impõe é a instauração dos competentes e devidos procedimentos para apuração das denúncias que pesam sobre eles, quando poderiam usar de todos os meios de defesa, cujo silêncio e omissão contribui mais ainda para o descrédito e a imagem negativa que o povo paraense tem da sua Polícia Civil.

Ainda está viva na memória do povo paraense o efeito das desastradas e estúpidas declarações de Raimundo Benassuly perante a comissão de Direitos Humanos do Senado, quando diagnosticou, sem ser médico ou ao menos auxiliar de enfermagem, que a adolescente que permanecera ilegalmente presa por quase um mês na mesma cela com mais de vinte homens, na Delegacia de Abaetetuba, “certamente tinha alguma debilidade mental porque em nenhum momento informou ser menor de idade”.
Benassuly precisa e deve esclarecer o quanto antes essa situação obscura que recai sobre a instituição que infelizmente, por ironia do destino, a dirigiu por quase três anos, mas com prazo marcado para acabar, até o último dia do ano.

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